quarta-feira, 20 de abril de 2011

INTERIOR

Tenho pensamentos de morte constantemente. Uma preocupação com minha própria mortalidade. Sentimentos de futilidade em relação ao meu trabalho artistico. O que eu estou lutando para criar? Quero dizer, qual a finalidade? Qual o propósito, a meta? Importa mesmo que minha produção artística seja admirada depois que eu morrer? Isso deve compensar alguma coisa? 
Costumava achar que sim, mas agora, por alguma razão, não consigo... Não consigo me livrar da idéia do que significa morrer. É assustador. Quero desistir. Não consigo me concentrar, tenho dores de cabeça. Achei que tinha finalmente encontrado algo de que gostasse. Bem, eu estava enganada. Sou egoísta demais. A questão é essa, deveria deixar de pensar tanto em mim. 
Sinto necessidade de expressar algo, mas não sei o que quero expressar. 
Forma sem conteúdo. Metade do que se produz hoje é lixo, e as pessoas insistem em colocar lá em cima. Talvez precise me isolar. Criatividade é uma coisa delicada.
[...] é como se eu estivesse aqui e o mundo lá fora, e eu não pudesse aproximar os dois. De repente me tornei superconsciente do meu corpo. Sentindo meu coração bater comecei a imaginar o sangue circulando em minhas veias,  nas mãos e na nuca. Me senti vulnerável como uma máquina em funcionamento que poderia pifar a qualquer segundo.
Ansiedade e angústia de personalidade artística mas sem nenhum talento.Falta alguma coisa. Não sei se perdi ou nunca tive, sei lá. Quero fazer alguma coisa da vida. Afinal, só se vive uma vez e uma vez basta se fizer direito.
Abstração.

2 comentários:

  1. E o seu sonho infinito de morrer
    Passa a caber no berço de uma cova.

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  2. Ahhh, Vinicius.

    Mas o instante passou. A carne nova
    Sente a primeira fibra enrijecer
    E o seu sonho infinito de morrer
    Passa a caber no berço de uma cova.

    Outra carne vírá. A primavera
    É carne, o amor é seiva eterna e forte
    Quando o ser que viver unir-se à morte
    No mundo uma criança nascerá.

    Importará jamais por quê? Adiante
    O poema é translúcido, e distante
    A palavra que vem do pensamento

    Sem saudade. Não ter contentamento.
    Ser simples como o grão de poesia.
    E íntimo como a melancolia.

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