quarta-feira, 13 de abril de 2011

Cordialmente sua.

 Estou me despedindo como tantas vezes já me despedi nessa vida. Por pura falta de tempo, por querer abraçar o mundo com as mãos. Tenho, assim como todo mundo que já amou e sofreu, um grande repertório de despedidas e elas gostam de se juntar, vez ou outra, todas aquelas despedidas que andam soltas aqui por dentro, muitas estações, aeroportos, portas que se fecharam, malas que se perderam, frases que ficaram pelo meio, lágrimas, muitas lágrimas.
Alguém me disse tchau e o tchau era de adeus, e eu fiquei tentando não chorar, sempre alguém se arrependendo de partir, e por aí vai. O repertório é vasto. Essas despedidas que vão ganhando espaço entre as costelas e nos roubando o ar. Não tem remédio.
E é aqui nesse espaço que eu posso dizer uma frase que sempre quis muito dizer para alguém que amei, mas que na época não achei cabível. Foi-se o amor e ficou a frase. A ideia da frase. É aqui também que eu uso grande parte das despedidas acumuladas que estão roubando meu sono. Vão-se antigas despedidas para que as novas possam chegar, pois assim é a vida, o que se há de fazer?
São as palavras, por vezes travessas e arriscas, aqui escritas que vão ficar no fim das contas, ao lado dos anéis. As palavras que disse e, principalmente, aquelas que não consegui dizer a tempo, antes que partisse o avião. Se alguma coisa sobrar, vão ser essas palavras, não tenho dúvida.
Abro esse último paragrafo e deixo um até breve, porque a vida me ensinou que as portas não se fecham, elas simplesmente se abrem para outras. Estou-me despedindo e deixo um abraço para você.


Trechos adaptados da coluna de Miguel Falabella 
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